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Jogadoras LGBTQIA+ divulgam carta aberta à FIFA contra patrocínio da Arábia Saudita

Jogadoras LGBTQIA+ divulgam carta aberta à FIFA contra patrocínio da Arábia Saudita | Imagens : X- FIFA

Nenhuma brasileira assinou a carta, que foi coordenada pelo grupo Athletes of the World.



Mais de 100 jogadoras de futebol assinaram uma carta aberta à FIFA criticando o novo patrocínio da entidade com a Saudi Aramco, companhia petrolífera estatal da Arábia Saudita, país conhecido pelas violações de direitos humanos contra mulheres e LGBTQIA+. Publicada no dia 21 de outubro de 2024 e endereçada ao presidente Gianni Infantino, a carta tem como título: “O patrocínio da Aramco é um dedo do meio para o futebol feminino”.

Recentemente, a FIFA anunciou um novo patrocínio com a Aramco até 2027, o que vai permitir à empresa ter seu nome nos eventos da Copa do Mundo de 2026, nos EUA, México e Canadá, e também na Copa do Mundo Feminina de 2027, que será realizada no Brasil, bem como todo e qualquer torneio organizado pela entidade máxima do futebol nos próximos três anos.

Uma das líderes do movimento é a holandesa Vivianne Miedema, que foi vice-campeã mundial com a Holanda em 2019. “Esta carta mostra que, como jogadoras, é isso que não queremos defender e aceitar no futebol feminino. É simples: este patrocínio contradiz os próprios compromissos da FIFA com os direitos humanos e o planeta”, diz a atleta.

Aos 28 anos e atualmente no Manchester City, Miedema é uma das 14 jogadores LGBTQIA+ que assinaram a carta, ao lado das irlandesas Diane Caldwell, Sinead Farrelly e Lily Agg; as neozelandesas Erin Nayler e Meikayla Moore; as finlandesas Linda Sällström e Tinja-Riikka Korpela; a australiana Alex Chidiac; a canadense Erin McLeod; a escocesa Lisa Evans; a belga Ella Van Kerkhoven; a alemã Paulina Krumbiegel; e a espanhola Maitane Lopez.

Em mais um trecho da publicação, as atletas afirmam que “as autoridades sauditas atropelam não só os direitos das mulheres, mas também a liberdade de todos os outros cidadãos. Imaginem as jogadoras LGBTQ+, muitas das quais são heroínas do nosso esporte, promovendo durante a Copa do Mundo de 2027 a Saudi Aramco, empresa petrolífera nacional de um regime que criminaliza seus relacionamentos e os valores que elas defendem?”.

A jogadora Vivianne Miedema é uma das líderes do movimento contra a FIFA | Imagem : Divulgação/Arsenal

Histórico problemático da FIFA com direitos humanos e Arábia Saudita

Essa não é a primeira vez que a relação da FIFA com a Arábia Saudita causa tribulação no futebol. Antes da Copa do Mundo Feminina de 2023, realizada na Austrália e na Nova Zelândia, a FIFA arquivou os planos de patrocínio com a Visit Saudi, braço oficial do turismo saudita. Uma reação negativa das jogadoras – incluindo Miedema – e dos organizadores da edição fez com que o acordo fosse cancelado. A Arábia Saudita também está na fila para sediar a Copa do Mundo Masculina de 2034, sendo atualmente a única candidata ao torneio.

Na carta publicada nesta segunda, as atletas ainda fizeram três questionamentos à entidade: “1. Como pode a FIFA justificar este patrocínio tendo em conta as violações dos direitos humanos cometidas pelas autoridades sauditas?; 2. Como pode a FIFA defender este patrocínio, dada a responsabilidade significativa da Saudi Aramco na crise climática?; 3. Qual é a resposta da FIFA à nossa proposta de criação de um comitê de revisão com representação dos jogadores?”.

Após a carta, a FIFA divulgou um comunicado à imprensa afirmando que “valoriza a sua parceria com a Aramco” e que é “uma organização inclusiva com muitos parceiros comerciais que também apoiam outras organizações no futebol e em outros esportes”.

A FIFA acrescentou: “As receitas de patrocínio geradas pela FIFA são reinvestidas no jogo em todos os níveis e o investimento no futebol feminino continua aumentando, inclusive para a histórica Copa do Mundo Feminina de 2023 e seu novo modelo de distribuição inovador”.

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