Estudo feito pela Hibou mostra que 72,9% dos brasileiros defendem a preservação do idioma para não dar lugar à linguagem neutra
Uma pesquisa conduzida pela Hibou Pesquisas em todo o país, respondeu algumas questões sobre como a população brasileira lida com as pautas da comunidade LGBTQIA+.
A pesquisa “Percepção do Brasileiro - LGBTQIA+” foi desenvolvida com 1008 pessoas. O levantamento foi feito nos dias 27 e 28 de junho de 2022 e apresenta 3% de margem de erro.
O estudo traz à tona o desconforto da população em relação às temáticas relacionadas à pluralidade de gêneros. Apenas 45,6% se sentem à vontade falando sobre a pluralidade de gêneros e suas pautas quando estão fora de casa e entre desconhecidos, a pesquisa mostra também que falar sobre o assunto em público é uma ocasião desconfortável para os brasileiros, com 70,3% preferindo falar apenas dentro de sua própria casa.
Inclusive, 20,8% não acreditam no posicionamento das marcas nessa época, e julgam que não passa de campanha de marketing. Isso porque, a pesquisa foi realizada em junho, justamente o mês do orgulho LGBTQIA+, quando marcas e empresas se posicionam a favor do debate das pautas. Por outro lado, 31,7% acreditam que as campanhas sejam normais, pois é o que todas as marcas andam fazendo.
O desinteresse quanto à necessidade de abordar os temas LGBTQIA+ é comum a 16,4% dos brasileiros. Essa parcela da população avalia a discussão da pluralidade de gêneros de três formas: comportamento errado ou contra os princípios (6,2%); com indiferença (5,4%); ou acham desnecessário, pois já cumpriu seu papel (4,8%).
No grupo dos apoiadores sobre temas multigênero, composto por 74,4% dos brasileiros, há um recorte ainda enviesado: 37,3% são favoráveis à conversa, mas pensam haver exageros que desgastam a mensagem; e outros 37,1% são favoráveis, principalmente, por acreditarem na inclusão de todos na sociedade.
A discussão sobre banheiros em locais públicos permanece nebulosa. 40,3% concordam que os espaços devem ser separados, podendo haver banheiros direcionados à diversidade de gênero. Contrários à alteração do quadro tradicional, 39,4% optam por manter a divisão em “masculino” ou “feminino”. 17,3% da população são flexíveis ao tema. Entre eles, 9,4% não vêem a necessidade de polêmicas e 7,9% não se opõem aos banheiros unissex, desde que existam cabines individuais.
A aplicação da linguagem neutra também causa polêmicas entre os brasileiros, que não acreditam em sua importância para a comunidade LGBTQIA+. O uso das letras “E” ou “X” em substituição às letras “A” ou “O” leva 72,9% dos brasileiros a fazerem defesa do idioma como está, antes de entender a importância dos termos neutros para a comunidade multigênero.
Dentre essa parcela da população, 45% não veem necessidade da neutralização da linguagem. Seguindo com o mesmo pensamento 27,8% consideram o uso das palavras alteradas um erro de grafia e que elas não fazem parte do Português.
Apenas 2,8% concordam que o uso da adequação das palavras como um ato inclusivo e que deveria ser obrigatório. Eles defendem a substituição das palavras "todos", "todas" ou "todos/as" por "todxs” ou “todes" para identificar os diferentes gêneros. 15,5% se mostram flexíveis à substituição dos termos, sendo que 5,4% não se opõem, uma vez que novas palavras são inventadas a todo tempo; e 10,1% são indiferentes, pois cada um escreve como preferir.