Médico acusado de homofobia ao atender paciente gay com suspeita de varíola dos macacos foi afastado!
Médico de UPA de Santo André não aceitou quando paciente respondeu que era HIV negativo, e insistiu na pergunta. Prefeitura lamentou caso, disse que conduta do profissional será apurada e afastou o médico dos plantões em equipamentos municipais durante o processo.
A prefeitura de Santo André anunciou neste sábado (30 de julho) que afastou o médico que foi acusado de preconceito no atendimento a um paciente gay com suspeita de varíola dos macacos. A prefeitura informou que, "assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou processo de apuração" e que, "durante este processo, o médico permanecerá afastado dos plantões nos equipamentos municipais de saúde".
O ator Matheus Góis, de 23 anos, relatou ter sido vítima de homofobia durante o atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo André, na Grande São Paulo, na segunda-feira (25 de julho). Mesmo após negativa, o médico insistiu em querer saber se ele era portador do vírus HIV, e questionou se ele tinha certeza de sua condição.
O caso ocorreu na UPA Central de Santo André, onde o paciente esteve após ser encaminhado pelo Centro Médico de Especialidades da Vila Vitória, também em Santo André.
Matheus foi direcionado à UPA Central após uma médica do Centro de Especialidades informá-lo da suspeita de monkeypox, também conhecida como varíola dos macacos, já que o Centro de Especialidades não tem testes para esse tipo de diagnóstico.
Em entrevista ao g1, Góis contou que o médico da UPA Central perguntou o que ele fazia no Centro Médico de Especialidades da Vila Vitória, e questionou se ele "tem doença", em referência à infecção pelo vírus HIV.
"Eu na mesma hora falei assim, ó, eu sou negativo, HIV negativo. Aí ele falou: 'tem certeza que você é? Porque se você estava lá [no Centro de Especialidades], você tem alguma doença? Eu perguntei assim: que doença?' Aí ele disse: 'é, doença, mas deixa pra lá, eu vou mandar para a enfermeira aqui, e ela vai saber resolver. E sai, sai, sai da minha sala, por favor, sai", contou o paciente.
A reportagem do G1 questionou a prefeitura de Santo André sobre o atendimento recebido pelo paciente com suspeita de monkeypox na UPA Central. Em nota, a prefeitura disse que "lamenta o ocorrido" e que "se comprovada conduta preconceituosa, o médico será severamente punido"
Na última quarta, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou que homens que fazem sexo com homens – como gays, bissexuais e trabalhadores do sexo – reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição à varíola dos macacos (monkeypox).
Na fala de abertura em uma entrevista sobre a doença, Tedros Adhanom Ghebreyesus também reforçou que "estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto".