Lutadores de MMA saem em defesa de drag queens após ameaças nos EUA

Evento drag foi cancelado após artistas serem ameaçados por grupos extremistas. ONG identificou 122 casos semelhantes no ano passado
Grupo de lutadores do Ohio Valley MMA. O proprietário da academia, Johnny Haught, demostrou apoio à arte drag após evento ser ameaçado - Imagens : Divulgação | Instagram

No início deste mês um evento "drag brunch" em West Virgínia, nos Estados Unidos, foi cancelado após ter recebido ameaças de movimentos violentos anti-drag. Em resposta à represália, o proprietário do Ohio Valley MMA, academia da modalidade esportiva, Johnny Haught, demonstrou apoio às drags.

Em uma postagem no Facebook, o lutador ofereceu seus serviços, e de seus colegas boxeadores, em defesa dos artistas: “Tenho certeza de que podemos garantir que o evento permaneça seguro.”

O proprietário do Ohio Valley MMA, Johnny Haught (foto) - Imagens : Divulgação | Instagram

Em entrevista à WTRF, o atleta enfatizou que drag é uma forma de arte inofensiva e que merece ser protegida.

O show de drag não é mais ofensivo do que um show da Broadway ou um show de comédia stand-up. Em essência, é uma mistura dos dois”, defendeu Johnny. “No final das contas, é entretenimento. Não faz parte de alguma agenda oculta, como alguns querem que você acredite.

Ele também afirmou que, embora tenha disponibilizado sua força para proteger as drags, seu foco principal é a não-violência, mas ele mandou um recado direto para os agressores. No Facebook, ele compartilhou a entrevista, e escreveu a legenda: “Odiamos valentões por aqui.

Após as declarações públicas de apoio, Haught afirma que recebeu uma ligação anônima em tom de ameaça em que a pessoa tentou ofendê-lo comparando-o com as drag queens. Contudo, o atleta debochou do teor da mensagem.

Infelizmente, embora eu tenha pernas e bunda enormes, não tenho as habilidades de maquiagem para participar de um show de drag”.

Ataques às drags se intensificaram

Nos últimos anos, grupos neofascistas como o Proud Boys, organização política de extrema-direita que já se opôs publicamente contra manifestações drags, têm crescido nos EUA.

A ONG Glaad (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation (Aliança de Gays e Lésbicas Contra Difamação, em tradução livre)) relatou que em 2022 houveram 141 casos de violência anti-drag contra artistas e clientes que assistiam às performances. Os casos incluem desde violência física até o lançamento de coquetéis molotov em empresas que aceitam drags.