Duda Salabert é a segunda trans deputada federal eleita no Brasil
O cenário para a Câmara Federal em Minas Gerais é predominantemente masculino, branco e cis-heteronormativo
Duda Salabert (PDT) está eleita como deputada federal por Minas Gerais, recebeu mais de 208 mil votos válidos nas eleições deste domingo (02 de outubro) e foi a única trans feminino entre as 18 primeiras posições a conquistarem uma vaga na Câmara Federal. Entre os melhores colocados, a política trans ficou em terceiro lugar, ficando atrás apenas de Nikolas Ferreira (PL) e André Janones (Avante).
"Sou a primeira trans eleita do Congresso Nacional. Sou a deputada federal mais votada da história de Minas Gerais. Mesmo com ataques de setores da esquerda, ataques dos ciristas, ameaças de morte da ultra direita, vencemos! Muito obrigado, Minas", escreveu em uma rede social.
A mulher mais bem colocada para deputada federal depois de Duda foi Greyce Elias (Avante), que obteve mais de 110 mil votos e ficou em terceiro lugar. Apesar de Minas Gerais ter direito a 53 cadeiras em Brasília, isso não garante que ela será eleita porque o sistema utilizado para eleição de deputados federais é chamado de proporcional.
Neste sistema, é preciso saber primeiro quais são os partidos e coligações mais votados para, depois, dentro das legendas, apontar os candidatos eleitos.
Duda também foi a vereadora mais votada da história de Belo Horizonte e agora se junta a Erika Hilton, também eleita deputada federal por São Paulo, como uma força transvestigênere na Câmara dos Deputados em Brasília.
A então candidata precisou votar, neste domingo, vestindo um colete à prova de balas por uma orientação da sua equipe de segurança após receber cinco ameaças de morte nos últimos 30 dias. A Guarda Municipal, a Polícia Federal e a Polícia Militar recomendaram que ela só poderia votar hoje vestindo o equipamento.
"5 ameaças de morte nos últimos 30 dias. Ontem chegou mais uma…. Foram e-mails, carta e até um site feito exclusivamente para descrever formas que querem me matar. Tento não naturalizar toda essa violência. Tento não naturalizar escoltas policiais comigo e com minha família", escreveu Duda na sua conta oficial do Twitter.
A candidata do PDT afirma, na sequência, que não esperava que na eleição "mais violenta da história desse país" o seu corpo seria alvo durante o processo eleitoral.
"Eu tinha o diagnóstico de que essa eleição seria a mais violenta da história do país. Mas não imaginava que meu corpo estaria no centro dessa violência", enfatizou Duda.
Uma das ameaças sofridas pela vereadora aconteceu no dia 17 de agosto. Na ocasião, ela afirmou que recebeu uma carta com diversos recortes de jornais com desenhos de símbolos relacionados ao nazismo.
"Mal começou a campanha e toda essa violência e terrorismo político… Onde vamos parar?! Estou fazendo campanha com escolta policial e colete à prova de bala. Não podemos tratar como normal ou natural esse cenário de intolerância e ódio!", denunciou Salabert na época.