98% dos jovens que iniciam a transição não se arrependem, diz estudo
O estudo pôde confirmar que a maioria dos pacientes adolescentes com disforia de gênero se mantêm com tratamentos de afirmação de gênero à medida que envelhecem
É altamente improvável que adolescentes trans que iniciam tratamentos de confirmação de gênero usando bloqueadores da puberdade interrompam a terapia de reposição hormonal na vida adulta, evidenciou um estudo feito por uma clínica de identidade de gênero na Holanda.
Os resultados foram publicados na revista “The Lancet Child & Adolescent” Health (uma revista científica do Reino Unido), e mostra que 98% dos adolescentes que iniciaram a transição antes dos 18 anos não se arrependem da decisão.
Ao contrário da propaganda anti-trans que circula pela mídia de direita, o estudo pôde confirmar que a maioria dos pacientes adolescentes diagnosticados com disforia de gênero se mantêm com tratamentos de afirmação de gênero à medida que envelhecem.
A Dra. Marianne Van Der Loos, médica da Amsterdam UMC e coautora do estudo, disse ao The Daily Beast que a principal conclusão do estudo é que "a maioria das pessoas, que passaram por uma avaliação diagnóstica antes de iniciar o tratamento, continuou com hormônios de confirmação de gênero no acompanhamento".
"Isto é tranquilizador em relação ao recente aumento da preocupação pública com o arrependimento da transição", acrescentou o Dr. Van Der Loos.
O estudo, conduzido pela clínica de identidade de gênero do hospital UMC de Amsterdam, na Holanda, realizou a pesquisa com um grupo de 720 adolescentes diagnosticados com disforia de gênero e receitaram bloqueadores de puberdade. Ainda dentro desse grupo, 220 (31%) foram designadas do sexo masculino ao nascer e 500 (69%) do sexo feminino.
O estudo avaliou que 98% (704) dos que começaram o tratamento médico para a afirmação de gênero na adolescência, continuaram a usar hormônios que afirmam o gênero. E, daqueles que não continuaram com o tratamento de confirmação de gênero, não há nenhuma prova conclusiva de que tenham se arrependido de seu tratamento na adolescência ou que desejaram destransicionar.
Os autores do estudo também especularam que os poucos que não continuaram com o tratamento podem tê-lo feito devido a fatores tais como identidades não binárias de gênero ou custo de continuar o tratamento.
As conclusões do estudo desafiam a retórica anti-trans que vai contra a afirmação de gênero para os jovens trans, com aqueles que se opõem à afirmação de gênero citando frequentemente um estudo de 2011, que tem sido frequentemente criticado por sua metodologia frouxa.
Esse estudo sugeriu que a maioria dos adolescentes com disforia de gênero acabaria "desistindo", e se identificariam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascimento.
Outra falsa narrativa destacada por inúmeros estudos é uma sugestão de "contágio social" ou falta de supervisão na prescrição de terapia de reposição hormonal.