Uruguai anuncia prisão com ala para pessoas trans

Espaço ficará em novo presídio feminino. Projeto visa comportar o aumento do encarceramento de mulheres no país
Na foto, Coreografias e dublagens de Beyoncé, Whitney Houston e Rihanna, com a ajuda de roupas extravagantes e muita maquiagem, ajudam na ressocialização de detentos LGBT de duas unidades prisionais da Grande BH. Esmalte, brincos, cabelo comprido e depilação são permitidos, uma vez por semana, em duas alas destinadas a gays, travestis, transgêneros e bissexuais em Vespasiano e São Joaquim de Bicas - Foto : Reprodução | Internet

O Uruguai vai construir mais uma penitenciária feminina e a nova unidade contará com uma ala exclusiva para pessoas transgênero , medida inédita no país. A construção do novo presídio visa comportar o crescente número de detentas, que na última décadas quintuplicou no país.

"É uma boa notícia para uma população muito vulnerável que requer enorme atenção", afirmou o comissário parlamentar para o sistema penitenciário, Juan Miguel Petit, à agência de notícias AFP.

O novo centro prisional será construído no bairro Punta de Rieles, a aproximadamente 15 km do centro da capital do país, Montevidéu, ao lado de outra penitenciária. A obra deve ser finalizada em menos de dois anos.

Maior taxa de encarceramento da América do Sul

O Uruguai tem a taxa de encarceramento mais alta da América do Sul, segundo a base de dados do World Prison Brief. A cada 100 mil pessoas, 408 estão presas. O Brasil aparece em segundo lugar, com taxa de 389 presos a cada 100 mil habitantes.

A população carcerária uruguaia inclui 28 mulheres trans e nove homens trans, de acordo com o Escritório da Comissão Parlamentar para o Sistema Penitenciário. As 26 unidades de detenção no país estão superlotadas, com cerca de 2.500 presos a mais do que a capacidade prisional.

Hoje, quando entra no sistema, a pessoa trans escolhe se quer ir para uma prisão masculina ou feminina, segundo o diretor do Instituto Nacional de Reabilitação, Luis Mendoza, durante uma audiência parlamentar na última quarta-feira (26).

Em abril do ano passado, uma mulher trans de 40 anos morreu em um desses locais após um incêndio provavelmente provocado por ela mesma, segundo investigações preliminares.

"As leis estão muito adiantadas no Uruguai, mas a mentalidade e a infraestrutura não estão de acordo com elas. Estamos muito aflitos com esse tema", afirmou Mendoza.