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Dissidente russa libertada planeja se casar com a namorada na Alemanha
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Sasha Skochilenko foi libertada na troca de prisioneiros histórica entre Moscovo e Washington, depois de ter passado mais de dois anos atrás das grades por protestar contra a guerra da Rússia na Ucrânia.
A artista plástica Sasha Skochilenko e a sua companheira Sonya Subbotina estão a planejar o casamento, algo que há uns meses parecia bastante improvável. Sasha Skochilenko foi uma das dissidentes russas libertadas na histórica troca de prisioneiros entre a Rússia e os Estados Unidos. A artista passou cerca de dois anos atrás das grades pelos protestos contra a guerra da Rússia na Ucrânia.
Além disso, Sasha e Sonya não podiam se casar no país natal, uma vez que a Rússia não reconhece o casamento homossexual. Agora que vivem ambas na Alemanha, os planos de matrimónio parecem, finalmente, possíveis.
"Sinto que estou num país muito livre, porque podemos andar na rua, posso beijar a Sasha, não só ninguém nos vai dizer que é nojento, como nem sequer vão prestar atenção, porque faz parte da natureza das coisas", explicou Subbotina.
"As pessoas têm muitas vezes opiniões distorcidas sobre a comunidade LGBTQ+ porque não conhecem ninguém (pessoalmente), ou conhecem alguém que não diz (que é gay)", acrescentou Skochilenko, de 33 anos. "Se virem uma pessoa normal, que não está a tentar provar nada, falam com ela e percebem simplesmente que ela ama uma pessoa do mesmo sexo”.
"E depois de socializarem (conosco) durante muito tempo, as pessoas compreendem que o que eu tenho, o que a Sonya tem, é um sentimento sério", disse.
Casamento homossexual proibido na Rússia
Em 2020, a Constituição russa proibiu explicitamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, no âmbito de uma reforma promovida pelo Presidente Vladimir Putin para prolongar o seu mandato.
Uma das cláusulas da reforma estipulava que o casamento só poderia ser celebrado entre um homem e uma mulher.
Em 2022, Putin aprovou mais uma lei que restringe os direitos dos homossexuais, proibindo qualquer apoio público às relações LGBTQ+.
Detida por causa de protestos antiguerra
Skochilenko, artista na área musical, foi detida em abril de 2022 na Rússia, por protestar contra o conflito. A russa substituiu etiquetas de preços num supermercado por slogans contra a guerra em São Petersburgo.
Na prisão, além das dificuldades vividas por alguém que se vê privado da liberdade, a russa teve de lutar contra várias doenças crónicas, nomeadamente a doença celíaca, que a impedia de comer alimentos com glúten.
A companheira começou a se deslocar para ir à prisão onde estava a namorada, pelo menos duas vezes por semana, levando-lhe comida, medicamentos e outras coisas que pudessem suprir as necessidades da companheira. Além disso, certificou-se, juntamente com vários amigos de Skochilenko, que o caso da artista continuasse a fazer parte da mobilização mundial, causando indignação pública.
Durante um ano, as duas não se viram. Uma vez que não eram familiares, as autoridades russas impediram que a namorada, que também era testemunha no caso , de a visitar na prisão.
"Conheço muitas companheiras de presos políticos. Em sua maioria mulheres que estão à espera dos seus homens", explicou. "Muitas vezes, ela se casam no centro de detenção preventiva ou na colônia penal. Isso é possível e dão o direito a visitas mais longas, a telefonemas, além das visitas curtas, porque têm um certo preconceito aos olhos das autoridades". "Nós nunca tivemos essa oportunidade, claro", acrescentou.
Ela diz que foi "um milagre" o fato de ter sido autorizada a vir fazer visitas curtas.
Em novembro de 2023, Skochilenko seria condenada a sete anos de prisão. A troca de prisioneiros, a maior desde a Guerra Fria, devolveu a liberdade a Sasha Skochilenko e a possibilidade refazer a sua vida.