Casal gay comete suicídio na Armênia devido à intolerância
O caso repercutiu nas redes sociais e acende alerta para a importância da manutenção da saúde mental desta população
Um jovem casal gay cometeu suicídio na Armênia devido à “intolerância direcionada a eles”. Supostamente chamados de Tigran e Arsen, eles postaram uma série de fotos no Instagram antes de morrerem. As imagens mostram eles se beijando e exibindo anéis de noivado. “Final feliz. As decisões sobre compartilhar as fotos e nossos próximos passos foram tomadas por nós dois”, diz a legenda. A publicação foi feita dia 20 de outubro, mas o caso começou a repercutir na internet esta semana.
De acordo com o grupo armênio LGBTQIA+, Pink Armenia, os dois cometeram suicídio na capital do país, Yerevan. Desde então, o post recebeu vários comentários prestando homenagens aos dois. Em comunicado, a Pink Armenia disse: “Os jovens ainda tinham muitos anos de vida pela frente, mas por causa da intolerância em relação a eles, deram um passo tão trágico."
“As pessoas LGBT estão muito familiarizadas com o sentimento de isolamento e incompreensão da família e da sociedade. Este trágico incidente prova mais uma vez que as pessoas LGBT na Armênia não estão seguras e não são protegidas pela sociedade ou pelo Estado”. A organização acrescentou que fornece suporte profissional para pessoas LGBTQ que passam por momentos de crise.
Ser LGBT na Armênia
No país, a homossexualidade é legal desde 2003, mas em pleno 2022 ainda ocupa o final do ranking anual do Rainbow Map, que classifica os países com mais direitos LGBT da Europa. A Armênia recebeu apenas 8% de pontuação acerca da segurança para com essa parcela da população. Para essa análise, são consideradas a igualdade, crimes de ódio, reconhecimento legal de gênero, entre outros.
Atualmente não há uma legislação que proteja pessoas LGBTQIA+ da discriminação no país. A ILGA Europe, região europeia da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais, que realiza o Rainbow Map, afirma: “Ainda existem lacunas significativas em termos de proteção fundamental contra a discriminação e a violência em quase metade dos países. Atualmente, 20 dos 49 países ainda não têm proteção contra crimes de ódio com base na orientação sexual, enquanto 28 países não têm proteção contra a violência baseada na identidade de gênero”.
E no Brasil?
Trazendo para a realidade nacional, o Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ aponta que em 2021 ocorreram pelo menos 316 mortes violentas por parte de pessoas da comunidade. Os suicídios representam pouco mais de 8% deste total, cometido principalmente por mulheres trans, com mais de 38% dos casos, e homens gays, com 30,77%.
Além disso, o relatório “Transexualidades e Saúde Pública no Brasil”, do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT e do Departamento de Antropologia e Arqueologia, mostra que pouco mais de 85% dos homens trans no Brasil já pensaram ou tentaram cometer suicídio.