Lei anti-LGBT: editora russa é investigada por ‘propaganda LGBT’
Autoridades russas usam nova lei anti-LGBT para acusar editora por propagar ‘relações sexuais não tradicionais’
A editora russa Popcorn Books está sob investigação por promover “relações sexuais não tradicionais”, disse um parlamentar do partido governista nesta terça-feira (10 de janeiro). O político acusa a empresa de desafiar abertamente as novas leis anti-LGBT da Rússia.
Conhecida por publicar histórias que abordam relacionamentos LGBT e autoidentificação, a Popcorn Books passou a rotular as capas com o Artigo 29.5 da constituição russa (que garante liberdade de expressão), depois que a Rússia introduziu uma nova lei que proíbe a promoção de “propaganda LGBT” para adultos.
Segundo Alexander Khinshtein , o político que ajudou a redigir a nova lei e apresentou a queixa contra a editora, uma filial do Ministério do Interior, em Moscou, está investigando o editor.
“Espero que o caso seja levado ao tribunal e a Popcorn Books receba o que merece ao desafiar o estado”, disse o político em uma postagem nas redes sociais. “Deixe-me lembrá-lo de que esta editora é uma das principais promotoras da literatura LGBT na Rússia", disse ele.
A nova lei amplia o que a Rússia o que a Rússia pode interpretar como “propaganda LGBT”, permitindo que as autoridades multem qualquer individuo ou organização que promova homossexualidade em público, online ou em filmes, livros ou publicidade.
Os legisladores afirmam que estão defendendo a moralidade diante do que consideram valores liberais “não-russos” promovidos pelo Ocidente. Grupos de direitos humanos dizem que as medidas visam apenas proibir representações de minorias como lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros na vida pública.
De acordo com Noel Shaida , chefe de comunicações do grupo de direitos LGBT Sphere , esta não foi a primeira vez que a Popcorn Books se tornou alvo das autoridades e a nova lei deixa aberto para a ampla interpretação das autoridades do que seria “propaganda LGBT”.
Em entrevista à Reuters, ele disse que a palavra “propaganda” nunca foi interpretada em nenhuma parte das leis e agora “qualquer coisa se enquadra nela”