Influenciadores são presos por ‘propaganda gay’ na Rússia
O casal de estrangeiros deve responder por acusações de propaganda gay
Na foto, Haoyang Xu e Gela Gogishvili em vídeo publicado no dia 1 de abril - Imagens : Reprodução |You Tube
O casal de blogueiros foi preso nesta quarta-feira (05 de abril) pelas autoridades russas por supostamente violar a lei contra “propaganda gay” no país. Haoyang Xu e Gela Gogishvili, que são naturais da China e da Georigia, respectivamente, costumam documentar suas vidas como um casal homoafetivo na Rússia em vídeos publicados no TikTok.
Xu teria sido parado no que parecia ser uma verificação de identidade regular por não estar carregando passaporte no momento. E, posteriormente, o casal foi preso em uma delegacia de polícia acusados sob a pena da lei de “propaganda gay”.
Em entrevista à Newsweek, o casal afirmou que foi impedido de falar com advogados e que eles foram “pressionados” a assinarem uma série de documentos.
Como a polícia não pegou seus telefones, eles conseguiram compartilhar sobre a própria prisão e os seguidores ligaram para a delegacia e acabaram tendo acesso a um advogado. Gogishvili já foi liberado, mas Xu continua sob a custódia da polícia
Seu advogado, Adel Khaydarshin, postou uma mensagem no Telegram após a prisão, dizendo que o casal poderia enfrentar uma multa de até 50 mil rublos (cerca de R$ 3 mil) ou prisão. Eles devem comparecer perante o tribunal nesta quinta-feira (06 de abril).
Haoyang Xu e Gela Gogishvili vivem juntos em Cazã desde 2021, compartilhando uma conta no TikTok com 377 mil seguidores e um canal no YouTube com mais de 65 mil inscritos.
Seu último vídeo, publicado no último sábado, discute a lei de "propaganda gay" e como ela poderia representar uma ameaça perigosa para as pessoas queer em todo o país.
"Devido à constante intimidação e ameaças de morte, temos que nos esconder por algum tempo", dizia a descrição do vídeo.
"Temos muito medo por nossas vidas, temos medo de escrever qualquer coisa on-line há muito tempo e consultamos ativamente advogados de grandes organizações de direitos humanos."
Vladimir Komov, sócio sênior do grupo DELO LGBTQIA+, com sede em Moscou, disse à Newsweek que a polícia de Cazã está investigando a dupla desde março.
A lei que proíbe a distribuição de materiais que considera "promover valores não tradicionais, LGBT, feminismo e uma representação distorcida dos valores sexuais tradicionais" era usada apenas para proibir a veiculação de conteúdos LGBTQIOA+ para crianças. Porém, emendas assinadas pelo presidente Vladimir Putin, em novembro de 2022, estenderam as mesmas restrições também para adultos.
As multas para indivíduos que violam a lei podem chegar a 400 mil rublos (em torno de R$ 25 mil), enquanto as empresas privadas que violarem a política serão multadas em até cinco milhões de rublos (cerca de R$ 431 mil).