Lucas Leather
Lucas Leather (33 anos) mora em Londrina que fica no estado do Paraná e que teve sua primeira experiência no universo leather aos 19 anos | Foto : Ana Portrait
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A cultura leather está cada vez em expansão aqui no Brasil, afinal estive durante a última edição da Parada LGBTQIA+ na cidade de São Paulo em 2019, onde teve um pequeno bloco de adeptos vestido a caráter que incluí roupa e botas de couro, levantaram a bandeira da comunidade leather para milhões de pessoas que assistia o evento na Avenida Paulista. Quem nunca sequer falar do universo leather a comunidade e o comportamento leather começou depois da Segunda Guerra Mundial e que começou a influenciar a juventude dos anos 50 e 60. Sim, foi início de uma geração que adorava ver no cinema o ator Marlon Brando que vestia um quepe de couro que o eternizou no filme "O Selvagem"onde o figurino se baseava em artigo de couro
Depois da década de 80, dando às pessoas a oportunidade de ter novas identidades a partir desta ideologia, entrando com novos produtos de consumo disponíveis, serviços e estéticas compartilhadas do universo leather. Foi neste período que marcaram a explosão e difusão de novas mídias como revistas e periódicos especializados, além de criação de bares e de clubes noturnos para os frequentadores leather, onde anualmente fazem seus concursos de beleza para aumentar a cada vez mais a difusão da cultura leather.
Nos últimos anos com o advento da internet, surgiram grupos de pessoas que divulgam cada vez mais nas redes sociais e chegando novas marcas voltadas ao público leather principalmente nos que vivem nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Holanda e principalmente na Alemanha (mais especificamente Berlim) que faz anualmente o maior encontro leather ao céu aberto no mundo.
Lucas Leather (33 anos, arquiteto) vive na cidade de Londrina (ele vem sempre na capital de São Paulo para ajudar a divulgar os eventos leather que acontece na cidade) e que está sempre antenado o que acontece no mundo as novidades da comunidade leather e fará em breve uma coluna aqui na Bear Plus falando sobre a cultura leather e onde decidi fazer uma pequena entrevista com o Lucas para falar um pouco sobre a comunidade que cada dia está crescendo no Brasil.
Bear Plus: Como conheceu o universo leather, lucas?
Meu contato com o Leather surgiu já há muito tempo. Quando era criança colecionava figurinhas da Tiazinha (na época causava nas mídias) e que me lembro muito bem como me atraia aquela figura fetichista. Posteriormente me atraia muito a jaqueta de couro que meu irmão mais velho usava, e então percebi que meu desejo não era na Tiazinha e sim no couro em si. Já adulto com 19 anos tive minha primeira experiência fetichista e BDSM e com o tempo essa relação me permitiu a aprender tudo o que sei até hoje sobre o tema. Após um tempo afastado do fetiche, em 2015 comecei a ter contado com a comunidade leather na cidade de São Paulo e aí vieram depois as mídias sociais e a partir disso tenho me envolvido cada vez mais com o mundo Leather .
No Brasil ainda é meio tímida os concursos de leather ao contrário dos países da Europa e do Estados Unidos no qual são bem divulgados, o que você avalia sobre isto?
Na verdade, a comunidade leather brasileira ainda é muito pequena, mesmo com o constante crescimento e com a segunda edição do concurso Mister Leather Brasil, ainda temos um público muito restrito, primacialmente à cidade de São Paulo.
Em relação aos concursos, diferentemente dos EUA e da Europa, o Brasil não tem essa cultura de eleger pessoas representantes de culturas ou nichos ou ainda especialidades como é comum nesses outros lugares citados acima. Dentro da minha percepção o concurso que temos está se assentando e ainda não tem um formato definitivo, mas caminha para uma direção interessante que com certeza produzirá bons resultados.
É importante lembrar que além de fetichista, a eleição de um Mister é um ato político que tem como objetivo não apenas tratar da estética de um grupo, mas ir além do interesse pelo couro colocando uma pessoa que tenha um senso militante perante a cultura fetichista e da comunidade LGBTQIA+.
Todo leather fetichista tem uma adoração pelos charutos? Você costuma fumar e sentir tesão por ele?
Lembrando que nem todos tem esta adoração, uma grande maioria dos adeptos do leather tem este tipo de fetiche por charutos. Eu tenho, e isso vai além da imagem dominante do leatherman fumando charuto, no meu caso eu gosto do cheiro misturado do couro com o charuto, dos desenhos que a fumaça faz. É uma mistura de todas esses ingredientes.
Há alguns anos atrás você fez um ensaio fotográfico para uma revista aqui no Brasil vestido totalmente de couro, o que você sentiu quando viu o resultado do ensaio?
Eu me senti muito orgulhoso do resultado do ensaio. Me senti realizado como Leathermen, como se eu tivesse conseguido entrar em contato com o meu verdadeiro eu e o tivesse exposto para que todos pudessem ver. Foi como se eu estivesse no topo do mundo e que nada poderia me deter; o cheiro, o tato e a minha própria visão em full leather me excitava me levando a imaginar tudo o que eu poderia fazer daquele jeito.
Em sua vida particular, seus familiares sabem do seu fetiche leather?
Sim, principalmente a minha mãe e o meu irmão mais velho sabem disso e sempre foram compreensíveis sobre o tema. Além deles a maior parte dos meus amigos sabem do meu fetiche por leather e sempre me apoiaram para que eu vivesse isso da melhor forma possível.
Existe preconceito das pessoas sobre em relação do universo leather, afinal, alguns acham que o estilo leather é mesma coisa do sadomasoquismo, verdade?
Em uma análise superficial as vezes o visual forte e não polido do Leather pode causar estranheza e lembrar até punks, motoqueiros, caras rudes que até pouco tempo tinham uma conotação ruim. Além dessa primeira impressão é comum uma confusão entre fetichista e praticante de BDSM. Um fetichista tem atração por roupas, acessórios, uniformes, de variados materiais, seja couro, borracha, spandex, enfim... já quem gosta de BDSM já pratica o bondage e o sadomasoquismo, ou seja, estas práticas que envolvem dominação física, psicológica, restrições, e que podem ser feitas com ou não roupas e acessórios fetichistas.
Já namorou alguém da mesma comunidade leather e como é a sensação de estar ao lado de alguém que curte o mesmo fetiche que você?
Sim, meu primeiro e meu último relacionamento sério no qual eu tive durante três anos e que recentemente eu terminei foi com um Leather e posso dizer que a sensação de ter alguém com o mesmo fetiche que o seu é uma experiência de legitimação e ampliação daquilo tudo o que você gosta e acredita te dar prazer. Além de nos ajudar a aceitar nossos fetiches ainda faz com que possamos colocá-los sempre em prática de forma segura com a pessoa que você gosta.
Você acha que é necessário ampliar e divulgar mais a comunidade leather aqui no Brasil?
Acredito que a prioridade de uma comunidade deve se unir mais para divulgar seus eventos de forma coletiva em prol de todos, sem pensar em individualidades; pois são esses eventos que legitimam e dão visibilidade ao grupo. Promover eventos de caráter não apenas fetichistas, mas também de cunho social e filantrópico para que a comunidade se torne uma verdadeira instituição civil atuante dentro da sociedade protegendo os direitos e promovendo a cultura leather e gay.
Legal, já que está sempre divulgando, poderia citar alguns eventos para que nossos leitores da Bear Plus pudessem acompanhar também?
Sim, tem alguns que acontece na cidade de São Paulo que geralmente participo é o “Jantar Leather” promovido pelo Dom Barbudo no Castro Burger da Vila Mariana, também temos o “Leather na Rua” onde acontecem sempre em frente ao Soda Pop Bar na Av. Viera de Carvalho (região central da cidade) e são promovidos pelos meus amigos Fabrício e Ricardo, temos também o fisting do RG Bar que fica na Vila Mariana além dos eventos do Bar Eagle São Paulo que fazem festas com a temática leather.
Quais são as personagens da cultura leather que te inspiram?
Além dos desenhos do Tom of Finland, os bikers dos anos 50, os filmes pornôs dos anos 70, 80 e 90 além de fotógrafos como Jim Wigler e Matt Spike entre outros, além de figuras atuais da cena Leather inglesa como Brew Hunter e o Joe King. Claro sem falar do personagem de Marlon Brandon do filme “O Selvagem” que continua a inspirar vários adeptos da cultura Leather.
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