Bear Plus Brasil
Roberto Mafra | Presidente da ONG Banda do Fuxico
As ruas se enchem de glitter e purpurinas. As fantasias brilham à luz do sol enquanto os foliões riam, dançam e cantam ao som das marchinhas de carnaval. O calor de fevereiro sobe do asfalto e invade os corpos pintados e suados no meio do Largo do Arouche. Com a famosa praça, ao fundo, abre a entrada pra que o bloco pudesse passar para o seu público e assim conquistar a todos com a sua alegria e simpatia com várias celebridades em cima do trio elétrico.
O que podemos definir sobre uma tradicional bloco carnavalesco que está há 19 anos tomando conta das tradicionais ruas da região central da cidade de São Paulo que sempre tem um tema e várias celebridades da comunidade LGBTIQ+ em cima do trio elétrico e provando ao seu público fiel sempre estão em harmonia com muita alegria e diversão!
A Banda do Fuxico é uma das tradicionais blocos na capital paulista formada e comandada por várias pessoas da comunidade gay da cidade de São Paulo está sempre presente não somente no período de carnaval e sim por 365 dias do ano, colocando diversão em primeiro lugar para o publico gay que anda carente de projetos culturais pela capital paulista!
Entrevistei-o organizador deste lindo projeto, Roberto Mafra que está sempre na frente deste bloco que é, na verdade, uma ONG não governamental que ajuda as pessoas da comunidade LGBTIQ+ com várias campanhas educativas com apoio da prefeitura municipal de São Paulo e de outras empresas.
Aqui ele fala sobre atual Governo Federal, sobre as celebridades que são destaque do bloco, sobre os diretos civis e também pelo voto consciente, veja abaixo a entrevista:
Bear Plus : Roberto, como foi a criação da banda?
Roberto Mafra : Foi em 2001 quando não tinha um bloco específico da comunidade LGBT e via que tínhamos que realizar este projeto onde registrei em janeiro daquele ano pela Sp Turis (São Paulo Turismo e Eventos da Prefeitura de São Paulo) e também pela ABASP (Associação das Bandas e Blocos Carnavalesco da Cidade de São Paulo) e aos poucos com passar dos anos tivermos muito apoio da comunidade.
Na época teve alguma dificuldade em montar a banda?
Claro que tive, como estava em início do projeto, tive algumas negativas naquela época, mas de longe se passa no período de hoje devido a grande número de blocos inscritos no ano passado que a capital paulista teve.
O que você avalia hoje a crise financeira que estabeleceu no país década que prejudicou várias empresas, como também muita gente que mexe com carnaval. Teve problemas com falta de recurso?
Sim, tivermos e muito, vários probleminhas básicos que rolaram nestes anos e também a perda de vários patrocinadores e apoiadores, principalmente parceiras governamentais (estaduais e federais) e que este ano o patrocinador oficial deste carnaval está investido 16 milhões de reais para o carnaval de rua na capital paulista, espero ver onde será destinado este valor no devido objetivo!
Na Região Central, raramente vermos pessoas que moram no local reclamar sobre os blocos que passam nas ruas e avenidas, ao contrário de alguns bairros que estão criticando o fechamento de vias para o bloco passar. Como disse que teve um “boom” de bandas e blocos carnavalescos aqui e exigindo que a prefeitura não autorize a passagem. O que acha sobre este assunto?
Sinceramente, acredito que as pessoas têm este tipo de atitude por falta de estrutura que o carnaval de rua exige, se as subprefeituras de cada região e os blocos tivessem alguns subsídios para proteger e manter as áreas limpas e conservadas, por exemplo, não teríamos problemas.
Todos nós sabemos que o carnaval é uma festa popular brasileira mais aguardada e a maioria adora se divertir, mas existem pessoas contra o evento e independente das questões acima, acho que todos (sendo moradores, prefeitura e até por nós) podem resolver sem precisa de fazer intrigas, ajudando os órgãos públicos responsáveis por dar segurança aos foliões e moradores do bairro, importante pra mim é sempre o diálogo e nunca deixar a alegria cair!
Hoje em dia cada bloco carnavalesco carrega uma celebridade (cantor ou um famoso para aparecer no bloco) e muitos deles vão apenas pelo cachê. Como a banda consegue ter os destaques no dia do desfile?
Como disse, somos o primeiro bloco carnavalesco assumidamente LGBTIQ+ e sempre mantemos nossas tradições em trazer para os nossos foliões uma temática e homenageando figuras que representam a nossa comunidade. Nossa corte é montada sempre por figuras que ela representam (a comunidade gay) como Léo Aquila, Dimmy Kieer, Silvetty Montilla, Tchaka, Leão Lobo e muito outros porque a lista é imensa.
Tem também projetos como a série da Netflix “Esquadrão das Drags” que não posso deixar de homenagear, ao todos são 65 personalidades homenageados (90%são LGBTQ+) e em especial a nossa madrinha do bloco que este ano é querida Maria Alcina e a rainha a maravilhosa Luíza Ambiel. A banda é sempre colorida e sempre conquistando os foliões junto com elas.
Percebi que adora ajudar o próximo, o que levou a pensar sobre a ajuda humanitária?
Estamos no mundo que é um dever olhar para o próximo, independente de raça, cor, credo, etnia e identidade de gênero. A banda é uma ONG não governamental e só tem um propósito de ajudar várias pessoas de uma forma especial a comunidade LGBTIQ+ fazendo e participando de campanhas que combatem qualquer tipo de discriminação, também como distribuição de alimentos ao mais necessitado, ajudar na busca de emprego, aleta a comunidade a usar sempre preservativos nas relações sexuais, etc…
Também levarmos as pessoas ao teatro através dos nossos projetos sociais e culturais para sentirem que temos a oferecer, alegria, cultura e artes para a comunidade.
Atualmente temos um novo governo federal onde o atual presidente (não falamos em nome porque achamos que não é necessário) já se expressou que é totalmente contra a comunidade LGBTIQ+ e sabemos que tem uma ministra que já disse que existe “Ditadura Gay”. O que você avalia sobre isto?
Não apoio e nem considero este governo, na minha opinião, governo de verdade tem ser laico que olha pra todos sem qualquer tipo de diferença de ser pobre ou rico, heterossexual ou homossexual. Este governo nunca apoiou e vamos lutar e combatê-lo até que ele caia, se não conseguimos, com certeza Deus fará que ele caia. Ele não nos representa e como digo #elenao !
Fora do período do Carnaval, você continua a se dedicar com a banda?
Sim, 24 horas sempre, sabe que é a banda é uma ONG não governamental e temos inúmeros projetos e temos parceira como a OAB, Caixa Seguradora, Secretaria da Fazenda do Estado e a prefeitura da Cidade de São Paulo. Lembrando que somos o primeiro bloco carnavalesco totalmente LGBTIQ+ da capital paulista.
Mudando de assunto, hoje em dia as pessoas estão com medo do atual governo em perder seus diretos adquiridos como, por exemplo, registro de casamento. Sabemos que é uma pessoa casada e feliz com seu companheiro, que conselho você daria as pessoas que estão em dúvidas sobre este assunto?
Primeiro, digo as pessoas que nós temos o poder nas mãos para decidirmos que o futuro estamos querendo de fato na nossa nação, porém, vejo um LGBTIQ+ votando e apoiando claramente esta nova gestão me preocupa que junto a eles a crescente aumento da bancada evangélica homofóbica assumidamente tomando os parlamentos (estatuais e federais) e com isto fazem que estas pessoas que deveriam nos apoiar, mas, por falta de consciência estão fazendo que a bancada consiga seus objetivos criando leis que pode nos prejudicar.
Penso que quando formos as urnas temos que votar num candidato gay, gay vota em gay e pronto final. Se conseguimos colocar nossos representantes no planalto, podemos conseguir mais diretos e nos fortalecer perante a bancada, se não a tendência é que com este atual governo que digamos que é homofóbico só piorará a nossa luta pelos nossos diretos, mas não vou desistir e irei sempre batalhar contra este governo!
País ainda carrega o título vergonhoso como o local onde se mata mais homossexuais no mundo. Muitos jovens acabam perdendo suas vidas e a justiça continua com pensamento e leis do século passado. O que você pensa neste assunto?
Como disse a pergunta anterior, se não elegermos mais pessoas da nossa comunidade, com certeza, não teríamos tanto descasos contra a vida de um ser humano. Como pode não ser um crime matar um ser humano por causa da sua identidade de gênero? Qualquer país sério e organizado tem que ser laico e nunca deve usar uma religião para comandar um país.
Importante sempre fazer campanhas para que o público LGBTIQ+ entenda que é fundamental ter uma bancada que nos representa e repensar sobre as leis de crimes contra a homofobia é importante para cada um de nós. Se depender de mim, vamos mudar estatística que levamos e que tomou conta do nosso país!
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