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60% das contratações de pessoas trans ocorre em São Paulo, aponta Transempregos

A maior parte das contratações de pessoas trans em 2023 aconteceram nos setores de tecnologia, varejo ou comércio e consultorias, aponta a pesquisa da consultoria Transempregos



Contratação de pessoas trans: São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina são os estados que mais contratam pessoas trans | Imagem - Pexels

No dia 29 de janeiro, é comemorado o Dia da Visibilidade Trans, quando são relembradas as trajetórias e, principalmente, a luta das pessoas trans por seus direitos. Um dos grandes desafios vividos das pessoas trans que, no Brasil, têm expectativa de vida de apenas 35 anos, ainda é o emprego.

Neste cenário, São Paulo é o estado que mais contrata pessoas trans, empregando 60.5% delas, de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Transempregos. Em segundo lugar, estão as contratações remotas, totalizando 12.4% e, em terceiro colocado, está o Rio de Janeiro (com 10.2% do total de contratados), seguido de Santa Catarina (4.5%). A maior parte das contratações aconteceram em tecnologia (19.2%), outros (19.4%), varejo e comércio (8.6%) e consultorias (8%).

O 4º Relatório de Empregabilidade Trans voltado para profissionais transgêneros no Brasil, afirma que, em 2023, SP ofereceu quase 60% de todas as vagas para pessoas trans no Brasil – e 49,34% foram ocupadas. Já o estado do Rio de Janeiro contou com 7,68% das vagas e 13,03% usuários, uma relação de mais procura do que a demanda existente. Se considerados todos os estados brasileiros, os com menos ofertas de vagas são Roraima, Sergipe e Tocantins.

Mais da metade das pessoas trans contratadas (54.8%) têm ensino médio completo, enquanto apenas 18.1% contam com ensino superior. Há uma grande busca por estágios, sendo que 10.2% dos contratados são para este tipo de vaga e 10.2% para posições como jovem aprendiz. A maior parte das contratações totais aconteceram em abril de 2023, totalizando mais de 135 contratações.

Acesso ao ensino e recortes de raça

Quando são analisados os níveis de escolaridade segundo o recorte de gênero, pessoas não-binárias são as que mais têm ensino superior (49.60%). E a maior parte das pessoas trans consideradas no relatório estão na faixa etária dos 20 anos.

De acordo com os currículos apurados pela Transempregos, 38.54% são mulheres trans, 37.47% homem trans, 10.17% são pessoas não-binárias e 5.76% são travestis. Sobre a questão da raça, 48.37% são pessoas brancas, enquanto 47.86% são negras.

Segundo Maite Schneider, fundadora da Transempregos, é preciso falar de interseccionalidade de maneira assertiva. “As pessoas não associam que uma pessoa de mais de 50 anos, preta ou com deficiência pode ser trans. Não tem um pensamento dessas interseccionalidades, considerando que a pessoa não é apenas uma característica”, afirma.

Segundo a pesquisa, se forem consideradas as mesmas habilidades e o mesmo nível de experiência, é notório que mulheres trans/trans femininas encontram mais dificuldade de contratação que homens trans/trans masculinos.

Se, além de trans, a pessoa for negra, aumenta em 72% a dificuldade de colocação desta profissional. Pessoas trans não-binárias, bem como aquelas que não têm passabilidade (quando uma pessoa trans é lida socialmente como cisgênera), terão maior resistência para sua efetivação. Quanto maiores os marcadores identitários, fora do padrão que ainda existe, maiores serão as exclusões que o sistema fará”, afirma a organização.

Dados comparativos

Se for considerado o histórico da pesquisa, no ano passado, houve um aumento de 16% de empresas parceiras em relação a 2022. Mas as oportunidades postadas caíram (-57%), assim como o número de profissionais empregados (-7%), totalizando pouco mais de mil profissionais trans empregados. Segundo dados da pesquisa, 67% dos candidatos acessaram as vagas por celular e 33% por desktop, ou seja, pelo computador.

Para aumentar estes números é importante letramento e conscientização. “Temos mais empresas interessadas, mesmo com o número de vagas diminuindo comparativamente. Mas observamos que a contratação de pessoas trans está mais qualificada e as empresas estão colocando as vagas de maneira mais consciente. Antigamente, as empresas entravam e colocavam todas as vagas na divulgação do Transempregos, sendo que vários dos gestores acabavam não tendo essa mesma abertura. Então, era um processo que a pessoa trans não era selecionada mesmo com as melhores competências”, diz Schneider.

As contratações remotas, onde o profissional pode trabalhar de casa, corresponderam a 12.4% no ano passado. Em 2022, o número foi de 17,5%. Pensando nisso, é importante que as empresas ofereçam vagas fora do eixo Rio-São Paulo.

Esse retorno ao presencial é uma dificuldade porque volta a concentrar as contratações no Sudeste. Com isso, muitas pessoas trans, que demoram para construir seus afetos e suas famílias tem que largar suas cidades em busca de emprego mesmo tendo competências”, afirma Schneider.

Por esse motivo, é importante que os programas de DEIP (diversidade, equidade, inclusão e pertencimento) das companhias capilarizem as iniciativas relacionadas ao tema, segundo a Transempregos – além de unir esforços para pensar planos de carreira e não só vagas de porta de entrada como o estágio, jovem aprendiz ou trainee.

O nosso banco de dados conta com quase 40% pessoas trans com graduação, mestrado e doutorado com muitas soft e hard skills que não conseguem emprego”, diz Schneider.


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