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Milei proíbe linguagem inclusiva em órgãos públicos e Forças Armadas
Decisão que vai de encontro com rejeição do político de extrema direita às políticas de igualdade de gênero e pautas defendidas pela esquerda
Milei proíbe linguagem inclusiva em órgãos públicos e Forças Armadas
Decisão que vai de encontro com rejeição do político de extrema direita às políticas de igualdade de gênero e pautas defendidas pela esquerda
O porta-voz do presidente argentino, Javier Milei, disse nesta terça-feira, 27 de fevereiro, que o uso de linguagem neutra e inclusiva será proibido na administração pública no país, em uma decisão que vai de encontro com a rejeição do político de extrema direita às políticas de igualdade de gênero. Segundo Manuel Ardoni, linguagens que estejam relacionadas com a perspectiva de gênero ou palavras que terminem com a letra “e, arroba, ou x” também serão proibidas.
“As perspectivas de gênero também têm sido utilizadas como negócio político”, acrescentou Ardoni.
Junto com seu discurso de rejeição a tais políticas, Milei também argumenta que a discussão de gênero faz parte de uma “doutrinação” do “marxismo cultural” que ele pretende combater. O comunicado foi feito poucas horas depois de o Ministério da Defesa proibir por decreto o uso de “e” como substituição das letras “a” e “o” nas comunicações do órgão público, das Forças Armadas e de organismos descentralizados. O texto afirma que será obrigatório o uso gramaticalmente correto da língua espanhola para não “levar a uma interpretação errada do que se deseja fornecer ou ordenar”.
“Trata-se simplesmente de estender esta decisão às restantes agências”, disse Adorni. “A língua que abrange todos os setores é o espanhol. É um debate no qual não vamos participar porque consideramos que as perspectivas de gênero também têm sido utilizadas como um negócio político”.
Apesar das pressões, a Real Academia Espanhola (RAE) rejeitou a implementação da linguagem considerando-a gramaticalmente incorreta mas justificando que “não implica qualquer discriminação sexista”. Para a academia, a utilização dos morfemas era “desnecessária” e que essa forma de expressão era o “espelho de uma posição sociopolítica”. Porém, o uso da linguagem acabou crescendo dentro de agências governamentais, universidades ou organizações internacionais como a própria Nações Unidas, que acreditam que a linguagem inclusiva é “uma forma importante de promover igualdade de gênero”, ideia que Milei tanto despreza.
Apesar da medida drástica, Adorni não revelou que medidas o governo vai tomar para eliminar toda a perspectiva de gênero. O presidente também é grande confrontador do movimento feminista, afirmando que a “ideologia de gênero” e a linguagem neutra “destroem os valores da sociedade”.
Esta também não é a primeira vez que Milei se coloca em uma luta contra pautas progressistas. Assim que o presidente chegou à Casa Rosada, ele eliminou o Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade e em seguida seu partido apresentou um projeto de lei para criminalizar o aborto na Argentina, onde a interrupção da gravidez é legal desde 2020.