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Apenas 1 em cada 4 pessoas LGBTQIA+ conseguiu emprego formal no último ano, aponta estudo
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Pesquisa do Fundo Positivo em parceria com o Instituto Matizes aponta que, embora estratégias de inclusão produtiva para a população tenham crescido 60% nos últimos anos, a mão de obra ainda é subaproveitada
Garantir oportunidades no mercado de trabalho formal continua sendo um grande desafio para a comunidade LGBTQIA+. Segundo uma pesquisa realizada pelo Fundo Positivo, organização de saúde preventiva, em parceria com o Instituto Matizes, apenas uma em cada quatro pessoas dessa comunidade conseguiu um emprego formal com carteira assinada no último ano.
O estudo, intitulado Inclusão Econômica e Geração de Renda da População LGBTQIA+ no Brasil: Desafios, Iniciativas e Financiamentos, foi realizado de outubro de 2023 a março de 2024, contando com a participação de mais de 100 organizações sociais. Os resultados ressaltam a importância de iniciativas de capacitação e desenvolvimento econômico voltadas para essa população.
Os dados indicam que o número de projetos focados na geração de emprego e renda para pessoas LGBTQIAP+ cresceu 63% entre 2021 e 2023. No entanto, apesar dos esforços das organizações sociais, o mercado de trabalho formal ainda impõe barreiras para a absorção dessa mão de obra qualificada.
Lucas Bulgarelli, diretor-executivo do Instituto Matizes, destaca que a pandemia agravou a dificuldade da população LGBTQIA+ em obter renda, tornando necessárias mudanças urgentes.
"É crucial reduzir os índices de exclusão econômica. O preconceito e a discriminação durante os processos de contratação continuam empurrando uma parte significativa da população LGBTQIA+ para o subemprego, desemprego e informalidade. Apesar da ampliação dos projetos, a absorção dessa força de trabalho ainda é insuficiente", afirma.Lucas Bulgarelli, diretor-executivo do Instituto Matizes
As iniciativas de inclusão econômica priorizam a população trans, que enfrenta altos índices de exclusão econômica devido ao preconceito: 51% dos projetos trabalham com mulheres trans, 49% com travestis e 39% com homens trans.
Falta apoio e financiamento
Entre os principais desafios para a inserção dessa comunidade na economia, 45,2% das organizações apontam a falta de apoio governamental. Além disso, 42,3% destacam que a iniciativa privada poderia se envolver mais na causa. A criação de vagas afirmativas e a implementação de políticas internas inclusivas são citadas como mecanismos eficazes para promover a inclusão econômica da população LGBTQIA+ no mercado formal.
Bulgarelli enfatiza que tanto o setor público quanto o privado têm responsabilidade na inclusão dessa população no mercado de trabalho. "Enquanto o setor público deve se comprometer com a criação de programas e políticas públicas voltadas para a empregabilidade e a geração de renda, o setor privado precisa incorporar de forma mais estruturada a mão de obra LGBTQIA+ qualificada, garantindo processos de recrutamento livres de discriminação", explica.
Atualmente, apenas 30,4% dos projetos de inclusão econômica e produtiva para a população LGBTQIAP+ são financiados por editais governamentais. As empresas financiam 49,3% desses projetos, enquanto 29% dependem de captações e doações de empresas e organizações sociais.
Apagão de informações
A falta de dados sobre a população LGBTQIA+ também dificulta a compreensão da real dimensão do problema. A ausência de informações sobre escolaridade, renda, inserção no mercado de trabalho, idade e raça impede o desenvolvimento de políticas públicas eficazes para a geração de renda e promoção econômica.
"Como o Censo brasileiro não inclui perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero, torna-se mais difícil identificar as principais necessidades e vulnerabilidades dessa população, além de suas potencialidades e o impacto como força produtiva", complementa Bulgarelli.