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Estudo mostra o que os brasileiros pensam sobre a união homoafetiva
Pesquisa afirma que a idade é um dos fatores mais importantes para definir se uma pessoa no Brasil pode ser a favor ou contra o casamento homoafetivo
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Episódio de LGBTfobia ocorreu em fevereiro de 2021 - Foto : Divulgação | Pexel
Enquanto a Câmara dos Deputados discute sobre o futuro da união homoafetiva no Brasi l, um levantamento da YouGov, empresa especializada em pesquisa de mercado on-line, mostra o que os brasileiros pensam sobre o assunto. Na quarta-feira (27 de setembro), após mais de cinco horas de discussão, deputados adiaram a votação do Projeto de Lei que proíbe o casamento homoafetivo no país novamente. A data escolhida para a nova votação ficou para o dia 10 de outubro.
Para entender o cenário, o estudo da empresa enfatizou que o primeiro ponto é que se o projeto for aprovado, ele afetará o futuro de, potencialmente, 13% da população adulta do país , número estatisticamente maior de cidadãos LGBT+ do que a média global (de 10,7%), que responderam “sim” à pergunta: “Você se identifica como LGBTQ+?”.
Conforme o levantamento, os brasileiros são, em alguns aspectos, mais abertos a relacionamentos homoafetivos do que a média da população internacional. Os dados da YouGov apontam que 36,2% dos brasileiros dizem ter muitos amigos homossexuais , uma das porcentagens mais altas do mundo e muito mais alta do que os 27% da média dos consumidores internacionais.
Eles também são ligeiramente mais propensos a acreditar que as famílias podem funcionar adequadamente mesmo que não sejam formadas da maneira tradicional.
Quem são os brasileiros mais tolerantes em relação ao casamento entre pessoas do mesmo gênero?
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YouGov divulga este levantamento com alguns dados sobre o tema - Foto: Divulgação | YouGo
David Eastman, diretor-geral da YouGov na América Latina, afirma que a idade parece estar entre os fatores mais importantes para definir se uma pessoa no Brasil pode ser a favor ou contra o casamento entre pessoas do mesmo gênero.
De modo geral, quanto mais jovens, maior a probabilidade estatística de terem amigos gays (e, portanto, de serem a favor da união civil entre pessoas do mesmo gênero).
Além disso, embora em todas as faixas etárias mais da metade da população do país esteja convencida de que o valor da família se deteriorou nos últimos anos, essa crença é menos acentuada entre os jovens.
Ao mesmo tempo, ser mais jovem não significa automaticamente uma maior probabilidade de aceitar o casamento homoafetivo. Nos dados da YouGov, os brasileiros com mais de 55 anos são estatisticamente mais propensos (em relação à média nacional) a acreditar que uma família não tradicional pode ser amorosa e solidária. Em contrapartida, os jovens de 18 a 24 anos (e os adultos de 35 a 44 anos) têm estatisticamente menos probabilidade de acreditar no mesmo.
“O exposto acima, é claro, pode indicar que a maioria das pessoas não está pensando em casamentos entre pessoas do mesmo sexo quando pensa em famílias não tradicionais”, reflete Eastman.
Entretanto, há uma característica que parece estar fortemente ligada à abertura dos brasileiros para relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero: a religiosidade.
De acordo com os dados, apenas 36,1% dos entrevistados no Brasil que dizem que sua fé é importante para eles também afirmam ter muitos amigos gays, um número estatisticamente menor do que os 41,5% dos brasileiros que não dão atenção especial à sua fé. As pessoas religiosas também são muito mais propensas a dizer que os valores familiares diminuíram nos últimos anos.
Segundo o estudo, a fé também parece estar ligada a outros pontos de vista sobre o espectro da sexualidade e do gênero, pois as pessoas que não são religiosas são mais propensas a dizer que não há problema nas pessoas usarem roupas de outro gênero ou que existem mais de dois gêneros.
Apenas três em cada dez pessoas acreditam que é normal que as pessoas usem roupas tradicionalmente associadas ao gênero oposto, em comparação com mais de um terço da população global.
Os cidadãos do Brasil também demonstram relutância (em relação à média global) em aceitar a existência de mais de um gênero e estão mais inclinados a dizer que os valores familiares se deterioraram nos últimos anos.