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Bibliotecários escolares no Reino Unido revelam pressão para retirar livros LGBT

Mais de metade dos bibliotecários escolares do Reino Unido admitem já ter sido pressionados a retirar livros das prateleiras, principalmente sobre temas LGBT+. | Imagem : Pexels

Um inquérito realizado no Reino Unido revela que 53% dos bibliotecários escolares já receberam pedidos para retirar livros com temática LGTB, e muitos desses pedidos são feitos pelos pais das crianças.



A investigação foi realizada pela Index on Censorship, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo promover a liberdade de expressão.

Em alguns casos, a censura partiu de várias de pais, mas outros tratou-se de uma decisão de diretores das escolas com cunho religioso.

Em consequência desta situação, muitos bibliotecários relatam medo de represálias e até de autocensura, hesitando em adquirir livros que possam ser polêmicos ou que que reflete uma crescente polarização na sociedade, com paralelos observados já nos Estados Unidos.

Segundo aquela organização, 53% dos bibliotecários escolares do Reino Unido afirmaram que lhes foram aconselhados a retirar os livros, sendo que mais da metade desses pedidos vinha dos pais dos alunos.

Destes, 56% decidiram retirar o livro ou os livros em causa, entre os quais se incluem títulos como "This Book Is Gay", de Juno Dawson, "Julián is a Mermaid" de Jessica Love, e o livro "ABC Pride", de Louie Stowell, Elly Barnes e Amy Phelps, bem como muitos outros títulos com conteúdo LGBT+.

Os livros infantis com arte desenhada japonesa ('manga') foram também retirados de algumas escolas, devido à repercussão da sexualização das personagens, enquanto outros livros foram retirados na sequência de queixas sobre conteúdos explícitos ou violentos.

A amostra global do Index "foi pequena" - apenas 53 bibliotecários escolares responderam ao inquérito -, mas não foi o único elemento considerado para estas conclusões, revelou a organização, adiantando ter por base também uma recolha de vários "relatos de bibliotecários e das organizações que os representam" e um inquérito realizado em 2023 por um instituto ligado às bibliotecas, que revelou que um terço dos bibliotecários de bibliotecas públicas também tinha sido instado a retirar livros.

Segundo o Index, "mais preocupante ainda é o fato de parecer existir muita autocensura - os bibliotecários não fornecem livros por receio de entrarem em conflito com os pais ou com superiores hierárquicos, em escolas religiosas ou com uma comunidade escolar religiosamente conservadora".

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