O funeral de dois ativistas LGBT contou com algo inusitado para os ritos da Igreja Católica: a colocação de duas bandeiras arco-íris sobre os caixões.

A ação foi permitida pelo arcebispo de Yucatán e vice-presidente da Conferência do Episcopado Mexicano, dom Gustavo Rodríguez Vega. Nos caixões estavam os corpos de Ociel Baena, primeira pessoa não-binária a ocupar cargo de juiz no México, e de seu companheiro, Dorian Daniel Nieves Herrera.

Os dois foram encontrados mortos, no dia 13 de novembro , na cidade de Aguascalientes. Na mão de um deles havia uma lâmina de barbear. Câmeras de segurança não mostraram presença de uma terceira pessoa no local naquele dia, mas ativistas LGBT aguardam uma investigação mais minuciosa já que Baena havia denunciado, meses atrás, ter recebido ameaças de morte.

Em maio, Baena foi a primeria pessoa no México a receber passaporte com gênero neutro. Sua morte causou comoção na comunidade LGBT do país. Sobre a presença das flãmulas durante a missa fúnebre, no dia seguinte (14 de novembro), o arcebispo disse: "Se eles colocaram essas bandeiras, que significaram tanto pra eles, nós respeitamos isso."

"Não há problema", prosseguiu Vega. "Não houve intenção de ofender ninguém. Eles também são bem-vindos a todos os serviços que a Igreja pode oferecer." No entanto, em entrevista ao portal católico ACI Prensa, o padre Francisco Torres Ruíz, especialista em liturgia, criticou a presença das bandeiras.

Segundo o religioso, não é permitido colocar qualquer tipo de símbolo em missas fúnebres, "especialmente quando essa simbologia representa ideologias contrárias à antropologia cristã, isto é, quando são contra a fé".De acordo com o padre, é admitida apenas bandeira nacional quando se enterra um chefe de Estado ou um soldado por esses funerais terem um rito próprio. "Mas nunca uma bandeira que desvirtue o lugar sagrado que é uma igreja."