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México investiga morte de primeira pessoa a ter passaporte sem gênero
Corpo de Ociel Baena foi encontrado em sua casa, ao lado do seu parceiro Dorian Daniel, com 20 lacerações causadas por lâmina
Autoridades do México abriram uma investigação sobre a morte de Ociel Baena, primeira pessoa não binária a receber um passaporte sem gênero no país e especialista em direitos político-eleitorais. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 14 de novembro, pelo promotor-chefe do estado de Aguascalientes, Jesus Figueroa, à rádio Formula.
Em outubro do ano passado, Baena tomou posse no Tribunal Eleitoral do estado de Aguascalientes, em frente a uma bandeira LGBTQIA+. Na ocasião, escreveu em uma publicação no X, antigo Twitter, que estava “fazendo história”. Os manifestantes descartam a versão oficial dos investigadores, que alegam que uma “questão pessoal” teria motivado o crime. Gritos de slogans como “crime passional, mentira nacional” tomam conta dos protetos.
“Pedimos à procuradoria que forneça resultados [da investigação] rapidamente”, solicitou a ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, candidata à Presidência nas eleições de 2024.
Baena, que utilizava pronomes neutros, não se identificava com a identidade de gênero masculina e feminina. Em julho, disse ter recebido ameaças de morte e “múltiplos ataques” – o México ocupa o posto de segundo país do mundo com mais crimes de ódio, especialmente contra a comunidade LGBTQIA+. O seu ativismo teve início ainda na Faculdade de Direito da Universidade Autônoma de Coahuila, onde se assumiu homossexual.
A morte foi provocada por 20 lacerações causadas por uma lâmina de barbear – o corte no pescoço teria sido fatal. Apoiadores da causa LGBTQIA+ acreditam que o episódio violento trata-se de um assassinato, levando a uma onda de protestos e de vigílias nas ruas mexicanas. O corpo de seu parceiro, Dorian Daniel, também foi encontrado na casa de Baena. Alguns suspeitam que ele tenha sido o autor do crime e teria se suicidado depois.